terça-feira, 4 de junho de 2013

A mudança

  Certo dia meu pai disse que íamos paras terras do Sr. Úngras. Fiquei tremendo de medo, Sr. Úngras tinha fama de mau, não dormi nesta noite. No dia seguinte ,logo pela, manhã minha mãe preparava o café em quanto nós arrumávamos as traias. depois de muito tempo a espera, víamos na curva um carro de boi, era o Sr. Úngras.
  Ele era baixo, semblante sério e tinha um chicote na mão. Quando me viu falou que tinha uma filha de mesma idade e poderíamos brincar juntas.
  Ao chegar na fazenda, conheci Zulmira ela era franzina e tinha cabelos lisos e claros. Ela olhou para mim e sorriu com timidez trazia nas mãos uma boneca de pano. Levantei me cedo abri a janela e vi o retireiro que ordenhava, peguei o caneco e corri para o curral. Todos os dias pela manhã tomava café com minha amiga, sua irmã nos servia geleia de goiaba, queijo e broa de milho. Apos comer íamos passear a cavalo, almoçávamos e íamos para a escola retornando apenas atarde.
  As 18:00 horas todos tinham terminado seus trabalhos, ião para o pé do rádio para ouvir a HORA DO BRASIL. O informativo começava as 19:00 horas, todos prestavam muita atenção nas notícias, e ao termino aplaudiam.
  Eu e Zulmira desfrutávamos de tudo de bom que havia na fazenda. Como ela não podia ir a colonia tínhamos um código secreto, conversávamos através do sino da casa sede onde ela morava. O pai dela era um homem de gênio forte, e muitas vezes presenciávamos maus-tratos aos colonos. Seu irmão Angelim saiu da fazendo pois não concordava com as atitudes do pai.
  Em uma manhã Zulmira tocou o sino, corri para o casarão, lá estava ela  com seu vestido de organdi, laços de fita no cabelo, meias três quartos e sapatos pretos com fivelas douradas. Ela olhou para mim com os olhos cheios de lagrimas, seu pai disse para ir tomar café com ela. Sua irmã contou que ela iria embora para um colégio interno, não conseguimos falar durante a refeição.
  Quando terminamos seu pai levantou-se e colocou as mala no trole, sem dar muita importância as despedidas, assim que se acomodaram no veículo seu pai tocou os cavalos. Ela não olhava para trás mas sabia que eu a seguia, os cavalos ganharam velocidade sob o chicote do Sr. Úngras e eu não consegui acompanhá-los, gritei seu nome ela olhou para trás, acenou com a mão e o trole desapareceu na curva.
  Zulmira nunca mas voltou, seu pai faleceu e seu irmão nunca tivemos notícias. Sua irmã Isaltina se casou com um rapaz mais jovem, que não perdeu a oportunidade de tornar-se  o senhor da fazenda.