terça-feira, 30 de julho de 2013

Panvermina


Conhecida como lombrigueiro, e distribuídas na zonas rurais, era obrigatório que todos tomassem. Pois era grande o número de crianças e adultos portadores de amarelão, ( doença causada por Ancylostoma, verme que tem de 1 a 1,5 cm). Trata-se de um nematelminto como a lombriga, que após de se alojar na parede do intestino suga o sangue causando anemia e fraqueza.
 A esquistossomose conhecida por barriga d`água causada pelo verme esquistossomo , que causa anemia doença respiratória e lesão no intestino e fígado.
 As Panverminas eram bolinhas de óleo transparente com cheiro insuportável, eram verdadeiros monstros para as crianças. Se fossemos tomar na manhã seguinte não poderíamos jantar.
 Certa noite minha mãe anunciou, "amanhã é dia de lombrigueiros". De medo não dormi pensando em como ia me livrar do remédio. Pela manhã ouvi minha mãe acordar meu irmão, salteio pela janela que dava para o milharal, como estava escuro tive medo então fiquei ali mesmo. Ouço meus pais entrarem no quarto enquanto meu irmão já passava mal. Minha mãe falava: cadê a menina ?!
 Quando olhei para o lado, lá estava meu pai no fundo da casa com o lampião. Sai correndo ao redor da casa, e ele foi atrás, após de duas voltas meu pai parou e ficou me esperando escondido. Ele me pegou pelo braço e levou para dentro. Chorei e coloquei a mão na boca para tentar evitar o remédio, porém não teve jeito, colocaram a panvermina em minha boca e não me largaram até engolir.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             Esquistossomose

                                                             
                                                     ancylostomo                                                                                                              

sexta-feira, 26 de julho de 2013

o vilarejo

 Fomos morar em um vilarejo, perto de um vale as margens de um grande rio, o único meio de transporte da região. O vilarejo era rico em tubérculos, frutos silvestres, mel pesca e caça. Os moradores eram caçadores pescadores e artesões, faziam pequenas roças de aipim, milho e amendoim, pois não podia faltar em suas refeições. Uns trabalhavam com junco, taboa, cipó, tecendo cestos esteiras e bolsas. E outros trabalhavam com pisará, moldando potes, vasos, e panelas. E os marceneiros faziam cadeiras, bancos e canoas. as mulheres teciam rendas, socavam o milho no pilão fazendo a quirela e o amendoim para o chá que aquece na noite fria.
 Quando anoitece começa o movimento de jangadas e canoas que sobem e descem o rio. Crianças e adultos mergulham nas águas prateadas pelo reflexo da lua. O único boteco do lugar abria a porta, mulheres falam alto e caminham entre as vielas, os homens vão pescar e outros vão caçar levando seus cães. Quando amanhece, as pessoas vão para casa somente o rio não para. Para nossa surpresa eles trabalhavam anoite e descaçavam durante o dia.

O saci, mito ou verdade ?!

 Dona Maricota, moradora da fazenda, afirma categoricamente a sua existência. E nos contou que ainda criança sua mãe pediu que fosse buscar gravetos, para acender o fogo pela manhã. Após se afastar de casa percebeu que alguém a seguia, se arrepiou e diminuiu o passo, e começou a pisar leve olhando para direita e para esquerda. De repente, a sua frente formou-se um redemoinho que ora ia para frente e voltava em sua direção. Ela começou a rezar tão rápido que quase não saia as palavras
 Foi então que observou dentro do redemoinho uma sombra escura, que ela jura ser o saci . Voltou correndo, quando chegou em casa sua mãe lhe perguntou: cadê os graveto?
 Ela contou o que viu, sua mãe rapidamente foi até seu quarto pegou um velho terço colocou em seu pescoço e disse: Vá buscar os graveto menina !
 

Monjolo

Monjolo era o nome da fazenda onde fomos morar. Antiga, com casas de pedras, muitas não habitadas. O casarão  era enorme cercado por coqueiros e uma velha paineira a frente. Tudo tinha aparência de abandono, porem na época da escravidão teria sido grande o movimento ali. A senzala ainda estava em bom estado, o moinho apesar de não funcionar permanecia em pé com toda sua engrenagem no devido lugar, o monjolo da mesma forma em bom estado.
  Fomos informados, que ali teria sido a maior fazenda na época que o café valia ouro ( ouro verde), inclusive foi construída uma ferrovia para o transporte das sacas. Mas ocorreu que grandes e pequenos agricultores voltaram-se para o plantio de cafeeiros, que resultou em grandes safras, ocasionando a baixa no preço. Muitos fazendeiros foram morar na capital deixando a fazenda nas mãos de seu capatas, e tornando-se empresario em outros ramos. Os colonos se desperssavam  em busca de outros senhores, alguns ficavam nas fazendas plantando como meieiros
  Nosso capatas Sr. Julião, orientava aos colonos a arrancar os pés de café para plantar feijão, arroz, milho entre outras coisas, pois a fazenda era coberta de cafeeiros. O rio que atravessava a fazenda era farto em peixes, tínhamos frutas em grande variedade. Aos sábados todos deixavam o trabalho mais cedo, os homens iam para o rio tomar banho com sabão de pedra e vestiam suas melhores roupas. As mulheres faziam o mesmo, porem em casa, nas tinas. Vestiam seus vestidos de chita e colocavam sua águas de cheiro (perfume artesanal sem álcool). Apos todo o preparo iam ao fandango (dança em pares).